Conheça os cursos de História da Arte, Arquitetura, Urbanismo, Moda e Mobiliário

Arq. Sílvia Aline R. De Rodrigues


Arquiteta pós graduada em Patrimônio Histórico em Centros Urbanos pela UFRGS, especialista em História da Arquitetura, Mobiliário e Moda, ministro aulas em parceria com a escola de decoração PROJETHA, colaboro com artigos, sites, pesquisas e mentoria.


"O Homem que não conhece o passado, não tem inspiração para construir um futuro melhor".



arqsilviaaline@gmail.com.br

Mobiliário Luso Brasileiro

Manuelino (1600 – 1700)

O Estilo Manuelino, por vezes também chamado de gótico português tardio ou flamejante, era um estilo arquitetônico, escultórico e de arte móvel que se desenvolveu no reinado de D. Manuel I e prosseguiu após a sua morte, ainda que já existisse desde o reinado de D. João II. Éra uma variação portuguesa do Gótico final, bem como da arte luso-mourisca ou arte mudéjar, marcada por uma sistematização de motivos iconográficos próprios, de grande porte, simbolizando o poder régio. Incorporou, mais tarde, ornamentações do Renascimento italiano. O termo “Manuelino” foi criado por Francisco Adolfo Varnhagen na sua Notícia Histórica e Descriptiva do Mosteiro de Belém, de 1842. O Estilo desenvolveu-se numa época propícia da economia portuguesa e deixou marcas em todo o território nacional.

D. João V (1700 – 1750)

As características do mobiliário D. João V no Brasil pouco diferem dos modelos lusitanos; nada foi introduzido de novo, quando, pelo contrário, alguns atributos de uso corrente do mobiliário neste período em Portugal foram simplificados pelos nossos ebenistas caboclos. As volutas e os entalhes dos móveis de além-mar eram profundos e tão bem recortados, que iam aqui sendo reduzidos a talhas rasas e às vezes a pobres recortes, onde aqui e ali iriam aparecer entalhes para justificar a palavra talha.

No entanto, não foi no mobiliário doméstico ou caseiro que este estilo teve o seu ponto alto. Foi no mobiliário religioso que ele apareceu no seu esplendor. O estilo D. João não foi um estilo criado e sim inspirado em outros estilos já existentes, como Luís XV, Queen Anne e Chippendale. 

D.José I (1750 – 1800)

É caracterizado pelo uso ainda comum do precedente D. João V. O estilo caracterizou-se pelas estruturas e formas que foram sendo modificadas tendendo ao Rococó. A estrutura dos móveis foi de influência francesa, porém em relação à tipologia a influência foi Inglesa.

Evento - No Brasil, o estilo corresponde a época em que viveu Aleijadinho – arquiteto, escultor e entalhador que interpretou o estilo nas portadas das igrejas e púlpitos.

Tipologia - Mesa de encostar, cômoda-escrivanhinha, canapé, cadeira com splat recortado, orat ório em jacarandá da Bahia e cedro com portas em marchetaria e detalhe superior entalhado.

Madeiras: Jacarandá da Bahia, Cedro, Cabriúva.

 
 

D. Maria I(1780 – 1816 )



Foi Sheraton o criador dos móveis simples e de linhas retas, que no Brasil e em Portugal formaram o estilo D. Maria I. Seu período em Portugal e no Brasil é de 1780 a 1825. Não existiu aqui um centro de fabricação desse mobiliário. Encontramos em todo o país peças do estilo e podemos tentar classificar tais móveis, em certas regiões brasileiras, a nosso gosto.

Em Pernambuco, por exemplo, encontrávamos móveis D. Maria I com características especiais: seus filetes, mais largos do que nas demais regiões, e o sabor regional sempre presente - cajus, abacaxis embutidos nos espaldares das cadeiras e nas frentes e tampos de mesas, flores holandesas, tulipas embutidas, em ramos, onde boninas e margaridas se abraçam num buquê, o que pode ser visto nas cabeceiras das camas. Já na Bahia vamos encontrar camas com pássaros e flores embutidos, e amarrando seus talos, fitas que formam laços exagerados, de pontas caídas. Nas cômodas, flores entrelaçadas são muito complicadas. As talhas só vão aparecer como guarnição das cabeceiras das camas de encosto sextavado. Nestas, guirlandas de folhas e flores vão aparecer entrelaçadas, bem ao gosto da época. Essas talhas, em madeira pura ou dourada, só aparecem nas camas portuguesas e nas de origem baiana.

Em Minas Gerais, o mobiliário D. Maria I aparece bem simples. O jacarandá, tão usado nas outras regiões, é às vezes substituído pelo vinhático: seus embutidos são mais simples e seus filetes mais ingênuos. Em Minas Gerais também encontramos móveis desse período inteiramente desguarnecidos de embutidos e filetes. São móveis que, apenas pela sua linha, podem ser classificados dentro do período. No estado do Rio de Janeiro, notadamente na cidade de Campos é que vamos encontrar peças deste estilo, esplendorosamente bem feitas: são camas com ricos embutidos de flores, pássaros e fitas entrelaçados em proporções excelentes e cômodas com marchetaria; cadeiras perfeitas, onde embutidos excepcionais guarnecem os seus encostos. Frutos e flores aparecem nas madeiras de tonalidades as mais diversas.

Outras  características para identificação são: a presença de cavilhas ( pequenos bastões de madeira usados no lugar dos pregos), inclusive o encaixilhamento conhecido como "rabo de andorinha" e o brilho, ou alto brilho, obtido através da fricção de álcool com pedra-pomes em pó e friccionado com pedra-pomes em pedra mesmo. 

Fonte: Antiguidades do Brasil, de Paulo Affonso de Carvalho Machado