Conheça os cursos de História da Arte, Arquitetura, Urbanismo, Moda e Mobiliário

Arq. Sílvia Aline R. De Rodrigues


Arquiteta pós graduada em Patrimônio Histórico em Centros Urbanos pela UFRGS, especialista em História da Arquitetura, Mobiliário e Moda, ministro aulas em parceria com a escola de decoração PROJETHA, colaboro com artigos, sites, pesquisas e mentoria.


"O Homem que não conhece o passado, não tem inspiração para construir um futuro melhor".



arqsilviaaline@gmail.com.br

Mobiliário Neoclássico (séc xviii início séc xix)

Luís XVI (1744 - 1796)

Os móveis tinham um estilo mesclado de elementos retos e curvos proporcionando harmonia e suavidade ao conjunto. As pernas dos móveis eram retas e com sulcos nas extremidades. Entalhes discretos enfeitavam a mobília. O encosto das cadeiras tinham formas arredondadas (medalhão), ovais ou retangulares e em sua parte superior havia pequeno ornamento centralizado.
 
 
 
 

ADAM (1728 - 1792)

Eram móveis de linhas delicadas e detalhes clássicos. As pernas do mobiliário eram  retas e semelhantes às colunas romanas. Era feita pintura e haviam móveis inteiramente dourados. Espaldar em medalhões vazados.

 

Hepplewhite (1727 - 1786)

O mobiliário mais delicado nas linhas e proporções que o de Chippendale. Seus móveis eram mais curvilíneos, lembram o estilo Luìs XV.  A madeira usada era o mogno e os detalhes e ornamentos em pau-cetim. As pernas dos móveis eram retas e estreitas e o encosto das cadeiras era menos ornamentado tendo vários formatos, como o de coração e ovalado.

Sheraton (1750 - 1806)

Semelhantes aos outros estilos georgianos, estes móveis tiveram de início a influência do estilo Luís XVI com suas linhas retas e curvas. Alguns encostos das cadeiras tinham formato de lira (instrumento musical de corda em formato de "U"). A madeira usada era o mogno. Eram aplicados a marchetaria.

 

Gustaviano (1771 - 1792)

Estilo Gustaviano é o estilo neoclássico da Suécia que dominou durante o reinado de Gustavo III, no século XVIII.

A história do mobiliário Gustaviano começou em 1771 quando o futuro Rei da Suécia, Gustavo III, voltou para casa, depois de uma estadia prolongada na corte de Luís XVI, em Versalhes. Apaixonado pelo que viu em suas viagens, Gustavo III fez uma releitura dos estilos de decoração francês de Luís XV e Luís XVI e do classicismo italiano.

A partir disto, várias casas de campo da nobreza e inúmeros palácios foram construídos na Suécia, adaptando-se os estilos predominantes na época na Europa ao país, isto é com menos luxos.Os palácios foram decorados com colunas, nas paredes foram aplicadas sedas adamascadas e painéis de linho em vez de mármores e granitos. No lugar dos gobelins, pinturas especiais com guirlandas e motivos florais. Lustres de cristal e espelhos complementavam a decoração. 

 

 

Diretório (1793 - 1804)

O estilo Diretório abrange o final do reinado de Luís XVI. Após a Revolução foi um período em que a situação econômica da França estava péssima e, ao contrário dos nobres que apreciavam, tinham paixão pelas artes e valorizavam um trabalho artístico, a nova sociedade do Diretório era voltada às ostentações e aparências.

O Diretório é um estilo transitório entre Luís XVI e o Império, porém tem mais características do estilo Império.

Na arquitetura esse estilo pouco deixou e na decoração dos interiores o grande número dos elementos utilizados anunciavam a vinda do estilo Império.

O mobiliário do estilo Diretório evoluiu a partir de Luís XVI como se os estilos continuassem sem se perturbar com a revolução. Não aconteceu no mobiliário uma revolução artística súbita e completa como foi na política, filosofia e na sociedade.

No período os marceneiros mostraram lealdade ao regime, eliminando motivos e desenhos que lembrassem à monarquia. As proporções e linhas do estilo Luís XVI foram conservadas, tendo por ornamentos motivos clássicos ou revolucionários.

Os móveis eram pintados com tons esbranquiçados, às vezes com linhas vermelhas e azuis, que eram as cores da bandeira da liberdade.

Os móveis eram inspirados através dos baixos relevos gregos e romanos; continuavam com as pernas retas, às vezes as pernas de trás se curvavam ligeiramente para fora (arcadas), sendo denominadas por pernas “em sabre”. Os encostos eram curvos terminados em rolo exteriormente, voltados para trás terminando em voluta.

A mesa guéridon, antes redonda e de pé central, recebe três pés em bronze para sustentar o seu tampo de mármore trabalhado.

As cômodas, mesinhas, secretárias e penteadeiras recebem linhas mais rígidas.

A campanha do Egito põe em evidencia os obeliscos que passam a ser usados na arquitetura e na decoração.

O papel de parede nesse período vem com força total e com enormes cenários.

 

 

Império (1804 - 1815)

No final do estilo Diretório, considerado de transição, já se anunciava o estilo Império, sendo observado a predileção por cores escuras e fortes, o mobiliário mostrando, inclusive, ornamento de caráter revolucionário e militar. O estilo Diretório sempre mostrou mais característica do Império que do estilo Luís XVI, notando-se maior austeridade, simplicidade e pureza de linhas, sendo abolidos os elementos naturalistas e pastorais e procurando maior identidade com a antiguidade clássica.

A França após a revolução passa por uma situação de precariedade.
Em 1804, Napoleão Bonaparte foi aclamado Imperador pelo povo e pelo senado.

O estilo Império foi criado pelos arquitetos Fontaine e Percier. Foi um estilo baseado, inspirado na antiguidade clássica, de forma completa, de forma inteira... Totalmente submetido à arte greco-romana sem adaptações que remetessem ao estilo francês de vida.

Nasceu então um estilo que conjugou elementos clássicos, egípcios (inspirados pelas campanhas do imperador ao Egito) e militares.
Os ornamentos do estilo Império: esfinges; cisnes; grifos; quimeras; pirâmides; cavalos-marinhos; cabeças de Baco e outros deuses; cariátides; archotes; palmas; lótus; os emblemas de Napoleão como o “N”e a abelha; emblemas militares como capacetes, espadas, lanças e etc.

O mobiliário estilo Império é completamente diferente ao Luís XVI, passando a vigorar as formas simétricas. Procurou-se copiar os móveis usados em Roma e Pompéia, com esfinges, obeliscos e pirâmides casando com os elementos greco-romanos, acrescidos com emblemas napoleônicos e símbolos militares.


As mesas - eram normalmente redondas (assim como as mesas utilizadas pelos gregos e pelos romanos), tendo o tampo em mármore suportado por uma pesada coluna central ou por um tripé formado por esfinges, grifos ou cariátides.


As camas - eram bem diferentes dos modelos usados na monarquia: eram copiadas do antigo modelo grego e denominada lit en bateau. Eram feitas pra serem colocadas em alcovas ou encostadas na parede, as duas extremidades tinham a mesma altura e formavam um rolo na parte exterior. Eram copiadas do antigo modelo grego e chamadas de “Lit em bateau”. Outras tendo cabeceira reta eram formadas por colunas, ou cariátides.

Os sofás - apareceu um tipo novo de sofá o Méridienne (os lados desiguais) e as chaise-longue com extremidades iguais ou não como no famoso quadro de Mme Récamier (foto que esta apresentada aqui no blog na publicação do dia estilo Diretório).

As cadeiras - não eram tão confortáveis e não tinham a impressão confortável que caracterizou os estilos Luís XV ou XVI, os braços imitando os dos tronos gregos, eram ornados de cisnes ou figuras aladas. O encosto era muitas vezes curvo e as pernas formadas por colunas, esfinges e cariátides, terminavam nos braços. O estofamento feito com tecidos pesados, veludos vermelhos, brocados azul e branco ou damasco, sedas com fios de ouro e couro verde.

Outros : psyché (espelho rectangular que pode ser inclinado como se deseje, inserido em moldura movível), athéniennes (peças com três pés para diversas utilidades, por exempo, lavabo – quando têm bacia e jarro em porcelana).

 

 

 

 

 

Restauração FRANCESA (Luís XVIII) - (1814 - 1830)

A "Restauração" teve início com a derrota de Napoleão Bonaparte em Waterloo, quando a dinastia dos Bourbons, com Luís XVIII, retornou ao trono da França. E terminou com a revolução de julho de 1830, quando a burguesia reassumiu o poder, após derrubar Carlos X, sucessor de Luís XVIII.

Durou aproximadamente 15 anos (1814 a 1830) e é um estilo que mostra uma reação contra o antigo e renega tudo que pode relembrar um personagem que quer ser esquecido - Napoleão.

Assim a rigidez que existia no estilo anterior é posta de lado e as linhas se curvam.
Em oposição à rigidez do estilo antecessor, uma das grandes influencias para o mobiliário da Restauração foi a duquesa de Berry, alguns móveis de linhas suaves levaram o seu nome.
Há um “revival” um renascimento do Gótico, da Renascença, porém nada que marque muito. A Restauração e basicamente um período onde a tapeçaria tem um grande destaque vestem as janelas, mantendo a luz do sol quase imperceptível. Os interiores sombrios são invadidos por plantas verdes e flores, uma moda que persiste até os dias de hoje.

As cadeiras e as poltronas adquirem uma linha em gôndola, com os pés dianteiros retos e os traseiros “em sabre”.

A mesa de toillet e a penteadeira têm a parte superior em mármore, aparecendo um espelho móvel, colocado entre dois colos de cisnes, traço característico do período. O console aparece sem o espelho.

Os pés passam a ser o principal ornamento de uma mesa, aparecendo então às liras que foram usadas anteriormente nos encostos de cadeiras Luís XVI, reunidas por uma travessa que assegura a firmeza da base.
 
 
 

Regência Inglesa (REGENCY)  - (1811 - 1830)

Eram móveis com influência da Era Georgiana,  estes móveis eram bem ornamentados com linhas retas e também levemente curvas. Presença de vidros e espelhos nas mobílias. 

 

Biedermeier - Alemanha (1830 - 1850)

Popular na Alemanha e Áustria entre 1820-1850, aproximadamente. O nome vem de um personagem de Ludwig Eichrodt que representava a burguesia alemã no começo do século XIX.

Surgiu como uma adaptação ao luxo exagerado do estilo Império francês, conservando o estilo Neoclássico; simples, robustos e confortáveis, geralmente de madeiras claras, e tecidos alegres nos estofamentos das cadeiras elegantes sem maiores pretensões. Era produzido para atender a burguesia alemã do séc. XIX, período marcado pelas guerras em abundância na Alemanha, Áustria e Escandinávia, portanto, com custos menores o mogno e outras madeiras mais caras eram evitados.


Renunciam-se as superfícies trabalhadas e esculturas como utilizadas no século passado.Os móveis são geralmente recobertos de marchetaria,unida e polida.O trabalho a mão volta a ser valorizado. O pinho é muito utilizado nestes móveis com marchetaria em cerejeira. A inspiração é greco-romana.

 
 
 
 
 
 
Fontes:

Bibliografia: Louis Madelin – La France du Directoire; Alayde Parisot – Arte e Decoração de Interiores; Curso Nida Chalegre – A História do Mobiliário.
Pesquisas na Web ( artigos e ilustrações): Wikipédia (
www.wikipédia.org); French Furniture in the Eighteenth Century (www.metmuseum.org); The Royal Collection (www.royalcollection.org.uk); French Directoire Period (www.rubylane.com).