Conheça os cursos de História da Arte, Arquitetura, Urbanismo, Moda e Mobiliário

Arq. Sílvia Aline R. De Rodrigues


Arquiteta pós graduada em Patrimônio Histórico em Centros Urbanos pela UFRGS, especialista em História da Arquitetura, Mobiliário e Moda, ministro aulas em parceria com a escola de decoração PROJETHA, colaboro com artigos, sites, pesquisas e mentoria.


"O Homem que não conhece o passado, não tem inspiração para construir um futuro melhor".



arqsilviaaline@gmail.com.br

Dadaísmo

Formado em 1916 em Zurique por jovens franceses e alemães que, se tivessem permanecido em seus respectivos países, teriam sido convocados para o serviço militar, o Dada foi um movimento de negação. Durante a Primeira Guerra Mundial, artistas de várias nacionalidades, exilados na Suíça, eram contrários ao envolvimento dos seus próprios países na guerra. 
Fundaram um movimento literário para expressar suas decepções em relação a incapacidade da ciências, religião, filosofia que se revelaram pouco eficazes em evitar a destruição da Europa. A palavra Dada foi descoberta acidentalmente por Hugo Ball e por Tristan Tzara num dicionário alemão-francês. Dada é uma palavra francesa que significa na linguagem infantil "cavalo de pau". Esse nome escolhido não fazia sentido, assim como a arte que perdera todo o sentido diante da irracionalidade da guerra. 
Sua proposta é que a arte ficasse solta das amarras racionalistas e fosse apenas o resultado do automatismo psíquico, selecionado e combinando elementos por acaso. Sendo a negação total da cultura, o Dadaísmo defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente , firma-se como um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar a guerra. 
Ready-Made significa confeccionado, pronto. Expressão criada em 1913 pelo artista francês Marcel Duchamp para designar qualquer objeto manufaturado de consumo popular, tratado como objeto de arte por opção do artista. 
O Dadaísmo é a total falta de perspectiva diante da guerra; daí ser contra as teorias, as ordenações lógicas. Aliás, também é contra os manifestos, como afirma um dos seus iniciadores, Tristan Tzara (1896-1963), em seu manifesto Dada, 1918:
"Eu escrevo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípio contra os manifestos, como sou também contra os princípios."
São também palavras dele: "Que cada homem grite: há um grande trabalho destrutivo, negativo, a executar. Varrer, limpar, A propriedade do indivíduo se afirma após o estado de loucura, de loucura agressiva, completa, de um mundo abandonado entre as mãos dos bandidos que rasgam e destroem os séculos." "Liberdade: DADÁ DADÁ DADÁ, uivos das dores crispadas, entrelaçamentos dos contrários e de todas as contradições, dos grotescos, das inconsequencias: A VIDA."
O fim do Dadá como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921. 

Principais artistas: 

Marcel Duchamp

(1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte abriu caminho para movimentos como a pop art e a op art das décadas de 1950 e 1960. Reinterpretou o cubismo a sua maneira, interessando-se pelo movimento das formas. O experimentalismo e a provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do surgimento do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os ready-mades, objetos escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e receberem um título, adquiriam a condição de objeto de arte. Em 1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um urinol de louça que chamou de "Fonte". Depois fez interferências (pintou bigodes na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional), inventou mecanismos ópticos. 
      

François Picabia
(1879-1953), pintor e escritor francês. Envolveu-se sucessivamente com os principais movimentos estéticos do início do século XX, como cubismo, surrealismo e dadaísmo. Colaborou com Tristan Tzara na revista Dada. Suas primeiras pinturas cubistas, eram mais próximas de Léger do que de Picasso, são exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que se encaixam umas nas outras. Formas e cores tornaram-se a seguir mais discretas, até que por volta de 1916 o artista se concentrou nos engenhos mecânicos do dadaísmo, de índole satírica. Depois de 1927, abandonou a abstração pura que praticara por anos e criou pinturas baseadas na figura humana, com a superposição de formas lineares e transparentes. 
     
Max Ernest
(1891-1976), pintor alemão, adepto do irracional e do onírico e do inconsciente, esteve envolvido em outros movimentos artísticos, criando técnicas em pintura e escultura. No Dadaímo contribuiu com colagens e fotomontagens, composições que sugerem a múltipla identidade dos objetos por ele escolhidos para tema. Inventou técnicas como a decalcomania e o frottage, que consiste em aplicar uma folha de papel sobre uma superfície rugosa, como a madeira de veios salientes, e esfregar um lápis de cor ou grafita, de modo que o papel adquira o aspecto da superfície posta debaixo dele. Como o artista não tinha controle sobre o quadro que estava criando, o frottage também era considerado um método que dava acesso ao inconsciente. 
  
Man Ray
(1890-1976, americano, nome real Emmanuel Radnitzky) – A pintura, seu primeiro quadro (1913) é cubista, assim como o cinema, quatro curta-metragens produzidos na década de 40, sempre andaram a reboque da grande paixão que Man Ray tinha pela fotografia. Era um experimentalista por excelência. Trancava-se horas a fio no laboratório fotográfico para pesquisar, reconstruir e testar métodos em busca de aperfeiçoamento. Mesmo sem deixar a sua paixão de lado, funda, em 1915, a primeira revista dadaísta dos Estados Unidos, The Ridgefield Gazook, e, em 1921, participa da primeira Exposição Surrealista de Fotos, em Paris. E, tentando enquadrar a fotografia na categoria de arte, escreve, em 1937, o livro Fotografia não é Arte? Fazia, assim, uma provocação tipicamente dadaísta à sociedade da época. Man Ray trabalhou, a exemplo da arte pictórica do século IX, em três gêneros: natureza morta, paisagem e retrato. Lidando com os princípios básicos da fotografia, ele inova, busca relevo, a terceira dimensão e, para alcançar isso, começa a usar a raiografia, uma técnica em que objetos são colocados sobre o papel fotográfico em um quarto escuro e expostos à luz sem utilização da câmera. 
Man Ray foi, na verdade, o grande defensor da fotografia como arte, uma espécie de artesão conceitual, sempre brincando com uma consciência por trás das coisas em busca da metáfora e não simplesmente jogando elementos. Com ligações que passam pelo Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo, é o artífice da foto criativa, elaborada, construída ou improvisada, tentando sempre uma aproximação entre fotografia e pintura e é o pioneiro da desconstrução da fotografia com a transformação de fotos tradicionais em criações de laboratório, usando muitas vezes distorções de corpos e formas. 
Mas, artísticas ou não, o fato é que as suas fotos mais ousadas não foram bem-aceitas pelo público e, em 1940, foi para Hollywood trabalhar como fotógrafo das estrelas de cinema como Ava Gardner, Marylin Monroe e Catherine Deneuve. O tão esperado reconhecimento internacional por seus experimentos só veio em 1961 com a Medalha de Ouro na Bienal de Fotografia de Veneza. E, nos anos 70, quando surge o Pós-Modernismo, Andy Warhol começa a fundir ainda mais os elementos pesquisados por Man Ray e a fotografia passa a ganhar, a partir daí, o status de obra de arte. 
   

PARA FAZER UM POEMA DADAÍSTA - Tristan Tzara

"Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo que você deseja dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original de uma sensibilidade graciosa, e ainda que incompreendido do público."

 
Fonte:https://www.historiadaarte.com.br/linha/dadaismo.html