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Arq. Sílvia Aline R. De Rodrigues


Arquiteta pós graduada em Patrimônio Histórico em Centros Urbanos pela UFRGS, especialista em História da Arquitetura, Mobiliário e Moda, ministro aulas em parceria com a escola de decoração PROJETHA, colaboro com artigos, sites, pesquisas e mentoria.


"O Homem que não conhece o passado, não tem inspiração para construir um futuro melhor".



arqsilviaaline@gmail.com.br

A Arte no Brasil

A história da arte do Brasil é toda a manifestação de arte que ocorreu desde o período anterior a colonização. As primeiras manifestações artísticas do Brasil ocorreram muito antes dos portugueses desembarcarem em terras brasileiras. As formas artísticas mais antigas foram encontradas no Piauí, são pinturas rupestres e têm cerca de 15.000 anos.

Pesquisas confirmam vários registros de formas de arte na pré-história brasileira. Na Paraíba foram encontradas pinturas com 11.000 anos. Em Minas Gerais, existem registros de arte rupestre que se destacam pelos seus raros desenhos em formas geométricas, datados entre 2.000 e 10.000 anos atrás. Utilizava-se também ossos, argila, pedra e chifres para a produção de objetos utilitários e cerimoniais, demonstrando uma preocupação com a estética.

Já a arte indígena se destaca principalmente na região amazônica onde fabricavam objetos de enfeite e de cerâmica, se destacando os vasos antropomorfos e zoomorfos, e as estatuetas de terracota. Vale apontar também a produção de cerâmica da costa maranhense e do litoral baiano. Outras formas de arte indígena foram: a pintura corporal, a arte plumária e os trançados.

Após a colonização, o Brasil recebeu diversas influências. Os holandeses influenciaram muito a arte na região de Pernambuco, os africanos que vieram como escravos também influenciaram muito na cultura popular brasileira, com músicas, danças, comidas típicas, etc.

O estilo Barroco foi introduzido pelos missionários católicos no séc. XVII. Como no Brasil não havia grandes mecenas (patrocinador) para financiar a artes profanas e a religião exercia grande influência no cotidiano, esses dois fatores fizeram com que a maioria do legado Barroco fosse deixado pela igreja. O Barroco brasileiro foi uma forma de arte funcional, tinha por objetivo facilitar a doutrina católica e a absorção dos costumes europeus. Na literatura os principais artistas foram Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, e nas artes plásticas foram Aleijadinho e Mestre Ataíde. Na arquitetura se manifestou principalmente no Nordeste e em Minas gerais, apesar de ter traços por todo país.

O Neoclassicismo superou o estilo Barroco no começo do séc. XIX, quando a corte portuguesa, que estava instalada no Brasil, com a missão francesa, fez do neoclassicismo um estilo oficial. Com a fundação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, o estilo começou a ser ensinado de forma acadêmica. A Semana de Arte Moderna em 1922 foi o marco inicial do modernismo no Brasil, influenciando principalmente a literatura e as artes plásticas.
 

modernismo brasileiro - semana de 22 - 1ª fase

 

Essa arte nova aparece inicialmente através da atividade crítica e literária de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e alguns outros artistas que vão se conscientizando do tempo em que vivem. Oswald de Andrade, já em 1912, começa a falar do Manifesto Futurista, de Marinetti, que propõe “o compromisso da literatura com a nova civilização técnica”. 

Mas, ao mesmo tempo, Oswald de Andrade alerta para a valorização das raízes nacionais, que devem ser o ponto de partida para os artistas brasileiros. Assim, cria movimentos, como o Pau-Brasil, escreve para os jornais expondo suas idéias renovadores de grupos de artistas que começam a se unir em torno de uma nova proposta estética. Antes dos anos 20, são feitas em São Paulo duas exposições de pintura que colocam a arte moderna de um modo concreto para os brasileiros: a de Lasar Segall, em 1913, e a de Anita Malfatti, em 1917. 

A exposição de Anita Malfatti provocou uma grande polêmica com os adeptos da arte acadêmica. Dessa polêmica, o artigo de Monteiro Lobato para o jornal O Estado de S. Paulo, intitulado: “A propósito da Exposição Malfatti”, publicado na seção “Artes e Artistas” da edição de 20 de dezembro de 1917, foi a reação mais contundente dos espíritos conservadores. 

No artigo publicado nesse jornal, Monteiro Lobato, preso a princípios estéticos conservadores, afirma que “todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que não dependem do tempo nem da latitude”. Mas Monteiro Lobato vai mais longe ao criticar os novos movimentos artísticos. Assim, escreve que “quando as sensações do mundo externo transformaram-se em impressões cerebrais, nós ‘sentimos’; para que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou que a harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja em ‘pane’ por virtude de alguma grave lesão. Enquanto a percepção sensorial se fizer normalmente no homem, através da porta comum dos cinco sentidos, um artista diante de um gato não poderá ‘sentir’ senão um gato, e é falsa a ‘interpretação que do bichano fizer um totó, um escaravelho ou um amontoado de cubos transparentes”. 

Em posição totalmente contrária à de Monteiro Lobato estaria, anos mais tarde, Mário de Andrade. Suas idéias estéticas estão expostas basicamente no “Prefácio Interessantíssimo” de sua obra Paulicéia Desvairada, publicada em 1922. Aí, Mário de Andrade afirma que: 

“Belo da arte: arbitrário convencional, transitório - questão de moda. Belo da natureza: imutável, objetivo, natural - tem a eternidade que a natureza tiver. Arte não consegue reproduzir natureza, nem este é seu fim. Todos os grandes artistas, ora conscientes (Rafael das Madonas, Rodin de Balzac.Beethoven da Pastoral, Machado de Assis do Braz Cubas) ora inconscientes ( a grande maioria) foram deformadores da natureza. Donde infiro que o belo artístico será tanto mais artístico, tanto mais subjetivo quanto mais se afastar do belo natural. Outros infiram o que quiserem. Pouco me importa”. (Mário de Andrade, Poesias Completas) 

Embora existia uma diferença de alguns anos entre a publicação desses dois textos, eles colocam de uma forma clara as idéias em que se dividiram artistas e críticos diante da arte. De um lado, os que tendiam que a arte fosse uma cópia fiel do real; do outro, os que almejavam uma tal liberdade criadora para o artista, que ele não se sentisse cerceado pelo limites da realidade. 

Essa divisão entre os defensores de uma estética conservadora e os de uma renovadora, prevaleceu por muito tempo e atingiu seu clímax na Semana de Arte Moderna realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. No interior do teatro, foram apresentados concertos e conferências, enquanto no saguão foram montadas exposições de artistas plásticos, como os arquitetos Antonio Moya e George Prsyrembel, os escultores Vítor Brecheret e W. Haerberg e os desenhistas e pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti, John Graz, Martins Ribeiro, Zina Aita, João Fernando de Almeida Prado, Ignácio da Costa Ferreira, Vicente do Rego Monteiro e Di Cavalcanti (o idealizador da Semana e autor do desenho que ilustra a capa do catálogo). 

Manifesto Antropofágico

Publicado na Revista Antropofagia (1928), propunha basicamente a devoração da cultura e das técnicas importadas e sua reelaboração com autonomia, transformando o produto importado em exportável. O nome do manifesto recuperava a crença indígena: os índios antropófagos comiam o inimigo, supondo que assim estavam assimilando suas qualidades. 
A idéia do manifesto surgiu quando Tarsila do Amaral, para presentear o então marido Oswald de Andrade, deu-lhe como presente de aniversário a tela Abaporu (aba = homem; poru = que come). 
Estes eventos da Semana de Arte Moderna foram o marco mais caracterizador da presença, entre nós, de uma nova concepção do fazer e compreender a obra de arte. 

ANITA MALFATTI

(1889-1964) – Filha de imigrantes de origem italiana e alemã, Anita Catarina Malfatti nasceu em São Paulo, em dezembro de 1889, com um defeito congênito na mão direita. Foi operada na Itália, aos 3 anos de idade, mas nunca se livrou da atrofia na mão e no braço. Teve de aprender a escrever, e mais tarde a pintar, com a mão esquerda. Anita viria a descobrir sua vocação em 1910, quando chega a Berlim. Permanece na Alemanha até 1914. Aluna da Academia de Belas Artes de Berlim, também teve aulas com pintores de renome, como Lovis Corinth. Depois de uma breve passagem pelo Brasil, viaja, em 1915, para Nova York, onde matricula-se na Independence School of Art. Volta ao País, destinada a causar polêmica. Em dezembro de 1917, Anita expõe, em São Paulo, obras identificadas com a liberdade formal das vanguardas européias e norte-americanas, como “A Boba”, “O Homem Amarelo”, “A Mulher de Cabelos Verdes” e a “Estudante Russa”. A reação nos meios intelectuais, expressa no artigo de Monteiro Lobato “Paranóia ou Mistificação”, é violenta. “Então começou o peso do ostracismo. Todo meu trabalho ficou cortado, alunos, vendas de quadros – e começaram as brigas nos jornais”, revelou a pintora. Anita participa da Semana de 22, mas ainda traumatizada pela hostilidade ao seu trabalho, afasta-se, progressivamente, da vanguarda. Em 1923, Anita embarca para um período de cinco anos de estudos na França. Participa de exposições coletivas de arte moderna nos anos 30 e 40 e da 1ª. Bienal de São Paulo, em 1951. Na 7ª. Bienal, em 1963, é homenageada com uma grande retrospectiva. Anita morre em 1964, em São Paulo. “Devo a ela e à força dos seus quadros a revelação do novo e a convicção da revolta”, disse sobre a amiga, Mário de Andrade. 

DI CAVALCANTI

(1897-1976)– “A cultura não se apega aos meus sentidos, sou sempre o vagabundo, o homem da madrugada, o amoroso de muitos amores”. Nascido Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Mello, em setembro de 1897, no Rio, Di Cavalcanti registra como ninguém o povo brasileiro. “É sempre o mais exato pintor das coisas nacionais”, escreveu Mário de Andrade. “Não confundiu o Brasil com paisagens e em vez de Pão de Açúcar nos dá sambas, em vez de coqueiros, mulatas, pretos e carnavais”. Em 1917, muda-se para São Paulo e matricula-se no curso de direito do Largo São Francisco. Empregado como revisor no jornal O Estado de S.Paulo, expõe suas caricaturas numa livraria do centro da cidade. Em 1921, mergulha de vez na pintura, já associado ao grupo modernista. No ano seguinte, conhece o escritor Paulo Prado. “Falamos naquela noite, e em outros encontros, da Semana de Deauville e outras semanas da elegância eurepéia. Eu sugeri Paulo Prado a nossa semana, que seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga burguesiazinha paulistana.” Estava lançada a semente da Semana de Arte Moderna. Di faz a ponte entre as vanguardas do Rio e de São Paulo e ilustra a capa dos catálogos. Mas já se distingue dos colegas como Anita Malfatti, Brecheret e Lasar Segall, cujo modernismo, acredita, “tinha o selo da convivência com Paris, Roma e Berlim”. “Meu modernismo coloria-se do anarquismo cultural brasileiro e, se ainda claudicava, possuía o dom de nascer com os erros, a inexperiência e o lirismo brasileiros”. Mesmo assim, Di busca um maior contato com a arte moderna européia. Mora em Paris entre 1923 e 25. A cultura não apaga, aguça seus sentidos. Na volta, redescobre o Brasil e sua gente, num encantamento que matéria sempre renovado ao longo da vida. Em 1955, recebe o Primeiro Prêmio de Pintura para artista nacional, na 3ª. Bienal de São Paulo. Dez anos depois, a 8ª. Bienal apresenta uma retrospectiva com 53 trabalhos. Produz muito na velhice, Precisa pagar dívidas, mesmo às custas da qualidade do trabalho. Em 1971, o Museu de Arte Moderna promove uma retrospectiva com 470 telas. Di morre no Rio, em 1976, Glauber Rocha filme o velório, mas o material permanece virtualmente inédito, por pressão da família do pintor. 

VICTOR BRECHERET

(1894-1955) – Nascido em Viterbo, Itália, em 1894, Vittorio Brecheret muda-se ainda criança para o Brasil Começa a estudar arte em 1912, no Liceu de Artes e Ofícios. No ano seguinte, embarca para a Itália, onde torna-se discípulo do escultor Dazzi. Realiza sua primeira exposição, no Salão dos Escultores Amadores, em 1918, ano no qual retorna ao Brasil. Em 1920, apresenta num concurso público a maquete do “Monumento às Bandeiras” e conhece Di Cavalcanti, Oswald e Menotti Del Picchia. Em 1921, a Prefeitura adquire a escultura “Eva”, exposta na Casa Byington. Com uma bolsa do Estado, parte rumo a Paris, deixando com os amigos as obras que serão apresentadas no ano seguinte, na Semana de Arte Moderna. Participa, na França, do Salão de Outono. Em 1923, descobre a arte de Brancusi, uma de suas influências. É premiado no Salão de Outono com “Sepultamento”, feito sob encomenda para o jazigo da família Guedes Penteado no Cemitério da Consolação. 
   
Volta ao Brasil em 1925, mas continua expondo no exterior em mostras como o Salão dos Independentes, em Paris, em 1929. Sua consagração viria quatro anos depois, com a compra pelo governo francês da obra em granito “Grupo”, para o Musée du Jeu de Paume, e a condecoração com a Legião de Honra. Em 1936, dá início ao “Monumento às Bandeiras”, maior escultura do mundo, que só seria inaugurado em janeiro de 1953, no Parque do Ibirapuera. O monumento, que inclui um auto-retrato e figuras inspiradas em amigos de Brecheret, é considerado uma das suas obras-primas do século 20. Em 1941, vence o concurso público “Monumento a Caxias”, em São Paulo. Realiza, entre 1942 e 46, esculturas para a capela do Hospital das Clínicas. Em 1950, é convidado para a Bienal de Veneza. No ano seguinte, recebe o Primeiro Prêmio de Escultura na 1ª. Bienal de São Paulo. Ainda voltaria a Veneza e à Bienal paulistana antes de morrer, em dezembro de 1955, em São Paulo. 

MÁRIO ZANINI

(1907-1971) – Nascido em São Paulo, em 1907, Mário Zanini pertence à geração de pintores de origem proletária que ajudou a consolidar o modernismo no Brasil, reunida no Grupo Santa Helena, embrião da Família Artística Paulista. Começa a estudar pintura na Escola Profissional Masculina o Brás, em 1920. De 1924 a 26, cursa desenho e artes no Ateliê de Artes e Ofícios. Em 1927, conhece Alfredo Volpi, uma de suas maiores influências, que, como ele, ganha a vida como pintor especializado em decoração de interiores. Seus primeiros trabalhos trazem a marca do movimento macchiaiolli, italiano. Ao contrário dos impressionistas, nos macchiaiolli o uso da mancha é posto a serviço de uma estética mais próxima do realismo. Em 1934, participa de sua primeira exposição, no Salão Paulista de Belas Artes. Nos Salões de Maio, em 1938 e 39, Zanini arranca elogios de críticos como Mário de Andrade e Sérgio Milliet. Nos anos 40, freqüenta o Osirarte ateliê de azulejaria criado por Paulo Rossi Osir. Expõe, entre 1940 e 48, no Salão Nacional de Belas Artes, no Rio. Embora a figura ainda seja central em sua obra, seus contornos são cada vez mais simplificados. No inicio da década de 50, Zanini participa da 1ª. E 2ª. Bienais de São Paulo. A tendência à depuração acentua-se, aproximando sua obra do construtivismo. Desenvolve também trabalhos como ceramista, no ateliê de Bruno Giorgi. Em 1959, é convidado novamente para a Bienal. Nos anos 60, abandona pesquisas formais e retoma o figurativismo. Morre em 1971, em São Paulo. 

VOLPI

(1896-1988) – A família de Alfredo Volpi mudou-se de Lucca, na Itália, para o Brasil quando ele tinha 1 ano , em 1897. No cenário suburbano do Cambuci, o humilde imigrante pinta paredes. Aos 19 anos, começa a trabalhar com decoração de interiores e a retratar paisagens dos arredores de São Paulo. A partir de 1937, o núcleo Santa Helena dá origem à Família Artística Paulista. Os artistas, a maioria autodidatas, saídos de profissões artesanais, são preteridos pela organização do 1ª. Salão de Maio. Decidem então criar o Salão da Família Artística Paulista, que conta com a participação de convidados como Anita Malfatti. Em sua segunda edição, dois anos depois, o salão atrai nomes como Portinari e Ernesto de Fiori. Nessa altura, os santelenistas já tinham aberto as portas do Salão de Maio, onde têm presença marcante em 1939. Na década de 40, as paisagens começam a abrir espaço para composições com temas como janelas, fachadas e bandeirolas. Em 1950, recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro no Salão Nacional de Belas Artes. Vai à Itália, onde recebe a influência dos mestres pré-renascentistas. Sua pintura torna-se mais despojada, num percursos, sem rumo à abstração geométrica pura. Em 1951, participa da 1ª. Bienal de São Paulo. No ano seguinte, está presente na Bienal de Veneza. Na segunda edição da Bienal paulistana, recebe sua maior consagração, o prêmio de Melhor Pintor Nacional. Em meados da década, deixa-se influenciar pelo concretismo – participa da Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna do Rio, em 1956 – sem renunciar a um estilo absolutamnete pessoal e característico. “Volpi pinta volpis”, descreve Willys de Castro. Em 1957, o MAM carioca organiza sua primiera retorspectiva. O mesmo ocorre na 6ª. Bienal de São Paulo. Consagrado pela crística e pelo público, continua a morar no mesmo Cambuci da juventude . Morre em São Paulo, em 1988. 

ALDO BONADEI

(1906-1974) – Nascido em São Paulo em 17 de julho de 1906, Aldo Cláudio Felipe Bonadei mostra-se um talento precoce. Conclui seu primeiro trabalho a óleo com 9 anos de idade. Autodidata, inicia, em 1923, um período de cinco anos de estudos com o pintor Pedro Alexandrino. Outra influência marcante é a do professor de arte Amadeo Scavone, com quem trava contato em 1929. “Com ele, aprendi a pensar”, diria Bonadei mais tarde. Viaja em 1928 para a Itália, onde freqüenta a Academia de Belas Artes de Florença. Volta a São Paulo em 1931. Três anos depois, recebe o Prêmio Prefeitura de São Paulo, no Salão Paulista de Belas Artes. Em 1935, passa a integrar o Grupo Santa Helena. Em 1946, expõe numa coletiva de brasileiros no Chile. Em 1951, participa da 1ª. Bienal de São Paulo, à qual estará presente em cinco das seis primeiras edições. Em 1952, figura em diversos eventos no exterior: Bienais de Veneza e Cuba, Salão de Maio, em Paris, Mostra de Artistas Brasileiros no Chile, e uma exposição no Japão. Em 1962, vence o Prêmio de Viagem ao Exterior do 11º. Salão de Arte Moderna de São Paulo. Passa três meses em Portugal, retomando interesse pelas paisagens. A fase final de sua produção marca a volta do figurativo. Morre em São Paulo, em 1974. 

REBOLO

(1902-1980) Nascido em São Paulo, em 1902, Francisco Rebolo Gonzalez é o patrono do grupo Santa Helena, que impulsionou a carreira de outros autodidatas como Aldo Bonadei, Mário Zanini, Clóvis Graciano, Fúlvio Pennacchi, Humberto Rosa e Alfredo Volpi. Começa sua formação como aprendiz de decorador na Igreja de Santa Efigênia. Em 1934, muda o escritório para o Edifício Santa Helena, na Praça da Sé. Em 1935, Zanini passa a dividir o aluguel com o amigo e, dois anos depois, a formação do grupo está concluída. Embora se distinga pela preocupação com o domínio da técnica e pela prática da pintura ao ar livre, o Santa Helena não se caracteriza como um movimento. Com suas paisagens, retratos dos subúrbios paulistanos, Rebolo expõe no Salão Paulista de Belas Artes, em 1936. No ano seguinte, os santelenistas – marginalizados por praticar uma arte que foge aos padrões convencionais sem, no entanto, filiar-se ao cosmopolita núcleo do modernismo – criam o Salão da Família Artística Paulista. Nas décadas de 40 e 50, Rebolo permanece fiel ao figurativismo, ainda que incorporando elementos geométricos. “Não acredito no abstracionismo por lhe faltar conteúdo humano, assim como não acredito na arte depurada de qualquer realidade”, explica. Convidado, no início dos anos 50, para as duas primeiras edições da Bienal de São Paulo, recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro no Salão Nacional de Arte Moderna, em 1954. Em 1968, é destaque da mostra “A Família Artística Paulista – 30 Anos Depois”. Morre de infarto em São Paulo, em 1980. 
  

BRUNO GIORGI

(1905- 1993) Nascido em Mococa, interior paulista, em 1905, Bruno Giorgi começa a estudar arte na Itália, em 1920. Na década de 30, é preso por sua oposição ao emergente Mussolini. Extraditado para o Brasil em 1935, o escultor volta à Europa no ano seguinte. Em 1937, matricula-se em academias de Paris e conhece um de seus mestres, Aristides Mailol. Retorna ao Brasil, 1939, e logo depois trava contato com o Grupo Santa Helena, de Volpi, Rebolo e Bonadei. Muda-se para o Rio em 1943, cidade onde viveria o resto de sua vida. O Ministério da Educação e Cultura abre espaço, em 1947, para a primeira de uma longa séria de obras de Giorgi instaladas em áreas públicas, o “Monumento à Juventude Brasileira”. Participa da Bienal de Veneza, em 1950. No ano seguinte é um dos destaques da 1ª. Bienal de São Paulo e do Salão Paulista de Arte Moderna, no qual é agraciado com o Primeiro Prêmio Governo do Estado. Volta a Veneza em 1952 e à Bienal de São Paulo em 1953, recebendo a distinção de Melhor Escultor Nacional. Em 1960, Giorgi entrega sua obra mais conhecida, “candangos”, exposta na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Outro monumento marcante do escultor na cidade é “Meteoro”, de 1967, no prédio do Itamaraty. Nos anos 70, as obras de Giorgi chegam ao espaço público das duas maiores cidades brasileiras. Em 1978, é inaugurada “Condor”, na Praça da Sé, em São Paulo. No ano seguinte é a vez de “Construção” no Parque da Catacumba, no Rio. Seu último monumento é “Integração”, de 1989, instalado no Memorial da América Latina, em São Paulo. Morre no Rio, em 1993. 
  

 

expressionismo no brasil

 

No Brasil, observa-se, como nunca, um desejo expresso e intenso de pesquisar nossa realidade social, espiritual e cultural. A arte mergulha fundo no tenso panorama ideológico da época, buscando analisar as contradições vividas pelo país e representá-las pela linguagem estética. 

Principais Artistas: 

 

Lasar Segall

- De volta da Alemanha, até 1923, seu desenho anguloso e suas cores fortes procuram expressar as paixões e os sofrimentos de ser humanos. Em 1924, retornando para o Brasil, assumiu uma temática brasileira: seus personagens agora são mulatas, prostitutas e marinheiros; sua paisagem, favelas e bananeiras. Em 1929, o artista dedica-se à escultura em madeira, pedra e gesso. Mas entre os anos de 1936 e 1950, sua pintura volta-se para os grandes temas universais, sobretudo para o sofrimento e a solidão. 

 

Anita Malfatti

- Sua arte era livre das limitações que o academicismo impunha, seus trabalhos se tornaram marcos na pintura moderna brasileira, por seu comprometimento com as novas tendências. 
Obras destacadas: A Estudante Russa, O Homem Amarelo, Mulher de Cabelos Verdes e Caboclinha. 

 

Candido Portinari

- Importante pintor brasileiro, cuja temática expressa o papel que os artistas da época propunham: denunciar as desigualdades da sociedade brasileira e as consequências desse desequilíbrio. Seu trabalho ficou conhecido internacionalmente através dos corpos humanos sugerindo volume e pés enormes que fazem com que as figuras pareçam relacionar-se intimamente com a terra, esta sempre pintada em tons muito vermelhos. Portinari pintou painéis para o pavilhão brasileiro da Feira Mundial de Nova York, Via Crucis - para a igreja de São Francisco, na Pampulha, Belo Horizonte (MG) e murais da sala da Fundação Hispânica na Biblioteca do Congresso, em Washington. Sua pintura retratou os retirantes nordestinos, a infância em Brodósqui, os cangaceiros e temas de conteúdo histórico como Tiradentes, atualmente no Memorial da América Latina, em São Paulo, e o painel A Guerra e a Paz, pintado em 1957 para a sede da ONU.

pós modernismo no brasil

A arte dos chamados "artistas primitivos" passou a ser valorizada após o Movimento Modernista, que apresentou, entre suas tendências, o gosto por tudo o que era genuinamente nacional. E um artista primitivo é alguém que seleciona elementos da tradição popular de uma sociedade e os combina plasticamente, guiando-se por uma clara intenção poética. Geralmente esses pintores são autodidatas e criadores dos recursos técnicos com que trabalham. 

Principais Artistas: 

Cardosinho

(1861-1947), primitivo ingênuo, começou a pintar aos 70 anos e chegou a produzir cerca de 600 quadros. Uma de suas obras está na Tate Gallery, em Londres. com suas fantasias beirando o surreal, copiadas de cartões-postais. 

Heitor dos Prazeres

(1898-1966), é um artista que revela minúcias e detalhes da realidade que retrata. A figura humana é o centro de seus trabalhos e, nela, dois detalhes chamam a atenção do observador: o rosto quase de perfil e a forte sugestão de movimento, resultante do fato das figuras estarem quase sempre na ponta dos pés, como se dançassem ou simplesmente andassem. Sua arte deixa de lado os preconceitos e os fatos tristes da realidade social. Ao contrário, procura mostrar um mundo fraterno em que diferentes pessoas participam de uma mesma atividade. 

Mestre Vitalino

(1909-1963), criador de figurinhas de barro que representam pessoas e fatos da região sertaneja de Pernambuco. Entre os personagens de Vitalino estão os vaqueiros, os retirantes, os cangaceiros, que, isolados ou compondo uma cena, nos comunicam o modo de ser da gente rústica do sertão. 

Djanira

(1914-1979), sua arte é dividida em dois períodos, no primeiro, da década de 40, apresenta principalmente temas da vida carioca. As figuras sempre sugerem movimento e são contornadas por forte traço escuro. Na segunda fase, da década de 50, apresenta sobretudo as atividades rurais das mais diferentes regiões do Brasil. Nessa fase, suas cores são mais claras, mas os limites entre essas cores são bem nítidos. 

Para seu conhecimento:

O Museu Internacional de Arte Naif é um projeto do joalheiro e desenhista de jóias francês Lucien Finkelstein, e começou a funcionar em janeiro de 1995, no Cosme Velho, zona sul do Rio de Janeiro, numa casa tombada que já serviu de ateliê para o pintor Eliseu Visconti (autor das pinturas do Teatro Municipal do Rio). 
Seu acervo, de quase 10 mil quadros de artistas de carca de 130 países, o torna o maior do mundo. O Museu recebe uma média de 2.000 visitantes por mês. No verão, quase metade do público é composta de turistas estrangeiros. No resto do ano, o forte é a visita de grupos escolares. 
Lucien Finkelstein chegou ao Rio em 1948. Tinha 16 anos e veio a passeio, visitar parentes. Gostou, resolveu ficar e comprou seu primeiro quadro naif, uma pintura de Heitor dos Prazeres, "Sambistas". Dali para frente se tornou um grande colecionador de pinturas.

 

 

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