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Arq. Sílvia Aline R. De Rodrigues


Arquiteta pós graduada em Patrimônio Histórico em Centros Urbanos pela UFRGS, especialista em História da Arquitetura, Mobiliário e Moda, ministro aulas em parceria com a escola de decoração PROJETHA, colaboro com artigos, sites, pesquisas e mentoria.


"O Homem que não conhece o passado, não tem inspiração para construir um futuro melhor".



arqsilviaaline@gmail.com.br

CHÂTEAU CHENONCEAU - Fotos by Cindra Parisotto

CHÂTEAU CHENONCEAU - Fotos by Cindra Parisotto

HISTÓRIA

A actual fortificação remonta a um pequeno castelo erguido no século XIII. O edifício original foi incendiado em 1411 para punir o seu proprietário Jean Marques por um acto de sublevação. Este reconstruiu o castelo e moinho fortificado no local, durante a década de 1430. Subsequentemente, o seu endividado herdeiro, Pierre Marques, vendeu o castelo a Thomas Bohier, Camareiro do Rei Carlos VIII de França, em 1513. Bohier destruiu o castelo existente, conservando a torre de menagem, e construiu uma residência inteiramente nova entre 1515 e 1521; o trabalho foi por vezes supervisionado pela sua esposa, Catherine Briçonnet,1 a qual teve o prazer de hospedar a nobreza francesa, incluindo Francisco I de França em duas ocasiões.

Mais tarde, o filho de Bohier foi desapropriado, sendo o château entregue ao Rei Francisco I por débitos não pagos à Coroa. Depois da morte deste monarca, em1547Henrique II ofereceu o palácio como presente à sua amante, Diane de Poitiers, a qual se tornou ardentemente ligada ao château e às suas vistas em conjunto com o rio. Ela haveria de mandar construir a ponte arcada, juntando o palácio à margem oposta. Supervisionou, então, a plantação de extensos jardins de flores e de vegetais, juntamente com uma variedade de árvores de fruto. Dispostos ao longo do rio, mas protegidos das inundações por terraços de pedra, os refinados jardins foram estabelecidos em quatro triângulos.

Diane de Poitiers foi a inquestionável senhora do palácio,2 mas o título de propriedade manteve-se com a Coroa até 1555, quando anos de delicadas manobras legais finalmente a beneficiaram com a posse. No entanto, depois da morte de Henrique II, em 1559, a sua resoluta viúva e regente, Catarina de Médicisdespojou Diane da propriedade. Uma vez que o palácio já não pertencia à Coroa, a rainha não podia desapropriá-la totalmente, mas forçou-a a trocar o Castelo de Chenonceau pelo Château de Chaumont-sur-Loire.3 No entanto, tendo apreciado as benfeitorias, resolveu dar continuidade às obras. A Rainha Catarina fez então de Chenonceau a sua residência favorita.

 

Como regente da França, Catarina podia gastar uma fortuna no palácio e em espectaculares festas nocturnas. Em 1560, as primeiras exibições de fogo de artifício alguma vez vistas em França tiveram lugar em Chenonceau, durante a celebração que marcou a ascensão do seu filho, Francisco II, ao trono.

Entre as marcas que imprimiu ao conjunto, determinou a construção, em 1577, de um novo aposento, exactamente por cima da ponte construída pela sua rival. Esse imenso salão sobre o rio, com dois andares e a extensão de sessenta metros de comprimento por seis de largura, ficou conhecido como a Grande Galeria e tornou-se na marca característica do palácio.

Catarina de Médicis aumentou os jardins e parques do palácio, tornando a propriedade num disputado local para as grandes festas que atraíam a sociedade da época. Quando a rainha Mary Stuart visitou a França, em 1560, Catarina homenageou-a em Chenonceau com uma recepção para mil pessoas, que durou vários dias. Destacaram-se as apresentações teatrais, a presença de pintores para registar o evento, de poetas e de muita música.

 

Com a morte de Catarina, em 1589, o palácio passou para a sua nora, Louise de Lorraine-Vaudémont, esposa deHenrique III. Em Chenonceau, Louise recebeu a notícia do assassinato do seu marido e caíu num estado de depressão, passando o resto dos seus dias vagueando sem destino ao longo dos vastos corredores do palácio, vestida de roupas matutinas entre sombrias tapeçarias pretas, onde foram cosidos caveiras e ossos cruzados. Nesta fase, as grandiosas festas cessaram, passando o palácio a viver numa permanentemente atmosfera de luto.

Outra amante tomou posse em 1624, quando Gabrielle d'Estrées, a favorita de Henrique IV, habitou o palácio. Depois desta, foi possuído pelo herdeiro de Louise, César de Bourbon, Duque de Vendôme, e a sua esposa, Françoise de Lorraine, Duquesa de Vendôme, e passou tranquilamente pela linha hereditária dos Valois, alternadamente habitado e abandonado por mais de uma centena de anos.

O Castelo de Chenonceau foi comprado pelo Duque de Bourbon em 1720. Pouco a pouco, este vendeu todos os conteúdos do palácio. Muitas das refinadas estátuas acabaram no Château de Versailles. A própria propriedade foi, finalmente, vendida a um proprietário rural chamado Claude Dauphine.

 

A esposa de Claude (filha do financeiro Samuel Bernard e avó de George Sand), Madame Louise Dupin, trouxe a vida de volta ao palácio ao receber os líderes do IluminismoVoltaire,MontesquieuBuffonBernard le Bovier de FontenellePierre de Marivaux, e Jean-Jacques Rousseau. Louise salvou o palácio da destruição durante a Revolução Francesa, preservando-o da destruição pela Guarda Revolucionária, uma vez que era essencial para as viagens e para o comércio por ser a única ponte que atravessava o rio numa área de várias milhas. Diz-se que terá sido Louise quem trocou a ortografia do palácio (de Chenonceaux para Chenonceau) para agradar ao aldeões durante a Revolução Francesa. Deixou cair o "x" do final do nome do palácio para diferenciar o que era um símbolo de realeza, da república. Foram encontradas fontes que, apesar de não oficiais, têm suportado esta lenda, tendo o palácio desde então sido referenciado e aceite como Chenonceau.

Em 1864, Daniel Wilson, um escocês que fizera fortuna instalando luz de gás por Paris, comprou o palácio para a sua filha. Na tradição de Catarina de Médici, ela gastaria uma fortuna em festas de tal forma elaboradas que as finanças foram delapidadas, sendo o palácio desapropriado e vendido a José-Emilio Terry, um milionário cubano, em 1891. Terry vendeu-o em 1896 a um membro da sua família, Francisco Terry. Em 1913, a família Menier, famosa pelos seus chocolates, comprou o palácio, mantendo a sua posse até hoje.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a galeria foi usada como enfermaria hospitalar; durante a Segunda Guerra Mundial foi um meio de escape da zona ocupada pelos Nazis de um lado do Rio Cher, para a livre zona de Vichy na margem oposta.

Em 1951, a família Menier encarregou Bernard Voisin de restaurar o palácio, o qual devolveu à delapidada estrutura e jardins (destruídos por uma cheia do Rio Cher em 1940) um reflexo da sua antiga glória.

Sendo uma mistura entre o Gótico tardio e o Renascimento inicial, o Castelo de Chenonceau e os seus jardins estão abertos ao público. Sem contar com o Real Château de Versailles, Chenonceau é o mais visitado château em França.4

Arquitectura

 

O Castelo de Chenonceau apresenta um corps de logis (corpo de casas) quadrado, com um vestíbulo central dando acesso a quatro salas de um lado e do outro. No rés-do-chão existe uma capela, o quarto de Diane de Poitiers e o gabinete verde de trabalho de Catarina de Médici. Ao fundo do vestíbulo acede-se à galeria sobre o Cher. A galeria do rés-do-chão tem um pavimento branco e preto, tendo acolhido o hospital militar já referido acima. O resto do rés-do-chão comporta o quarto de Francisco I e o salão Luís XIV.

As cozinhas estão instaladas nos fundos do palácio. Um cais de desembarque permite a descarga directa das mercadorias.

A escadaria, com duas asas direitas, está acessível por trás de uma porta que se situa a meio do vestíbulo. Esta permite aceder ao vestíbulo de Catherine Briçonnet, no primeiro andar. Neste andar existem de novo quatro salas, o quarto das cinco Rainhas, o quarto de Catarina de Médici (por cima do seu gabinete verde), o quarto de César de Vendôme, e o quarto de Gabrielle d'Estrées.

O quarto de Louise de Lorraine, no segundo andar, carrega o luto da esposa de Henrique III, onde se nota a cor negra dominante dos lambris, as pinturas macabras e as decorações religiosas evocando o luto.

 

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